Por incrivel que pareça, a história começa no primeiro post. Nada de querer espionar e querer começar a ler pelo fim. Procure a primeira carta e divirta-se.

terça-feira, 13 de abril de 2010

4ª Carta

Paris, 18 de outubro de 1984

Mon cher frère,

O fim do ano está chegando e aqui só fica cada vez mais frio. O divertido é olhar como as pessoas se vestem. O inverno é uma estação tão chic! Até consegui comprar um par de botas lindíssimo. Mas já sei, você não quer ficar ai lendo sobre roupas.

Falemos de outra coisa boa do inverno: o romance! Conheci um cara incrível! Chama-se Gerard e é simplesmente perfeito. Participa da companhia de teatro, mas lida com a parte sonora. Tem uma banda punk e toca bateria! Não usa drogas – tirando muito ocasionalmente -, joga basquete super bem e ajuda numa ONG bem bacana de ajuda educacional por aqui. Está fazendo ciências sócias, mas sempre me ajuda nas coisas da faculdade e tudo mais. E uma última coisa, que sei que você vai dizer que não queria saber, mas vou contar mesmo assim: o beijo dele é ma-ra-vi-lho-so! Tirei ou não a sorte grande? Estou totalmente apaixonada.

E por falar em amor... Dei pulinhos de alegria pela casa quando soube que você e a Bruna estão namorando. É tão lindo! Sei que a Violeta é um amorzinho e tudo mais, mas você merece alguém mais mulher. A Bruna vai te trazer pro chão - e sabe que você precisa disso, né? Espero que vocês fiquem juntos um bom tempo!

Posso falar mais de Paris? Acho que tenho um caso de amor com essa cidade! Aos poucos os enfeites de natal cão enchendo tudo de luzinhas, guirlandas e papais noéis. E ainda esperam neve para esse natal. Deve ser tão lindo! Fico só imaginando como pode ficar tudo coberto de branco, mesmo que fique ainda mais frio.

Estou com saudades de casa. Até do chato do Ezequiel. Não vou perguntar por todos por que já me bastam os relatórios da mamãe e suas milhares de cartas. Falando nisso, desculpe não ter respondido a todas, mas me falta tempo e paciência de escrever. Não desanime de mandá-las, por favor! Sabe que, mais cedo ou mais tarde, eu acabo respondendo. Adoro ficar lendo sobre suas coisinhas, seus pensamentos, seu cotidiano. Bom saber que ainda sou sua confidente. O pessoal da escola ainda manda cartas, mas perdi o contato com a maioria e isso é chato. Não queria ver as amizades acabando assim... Mudando um pouquinho, senti muita falta do Luca outro dia. Ele ia AMAR isso aqui.

Falando nisso, quando você vem me visitar? Convença o papai de pagar sua vinda! Aproveita as férias, diz que você já passou no vestibular, se formou na escola com louvor... Ah! Quase que esqueço: parabéns por ter passado! Sexto lugar, né? Sabia que você ainda viraria um gênio. Niemeyer que se cuide, tem mais um grande arquiteto a caminho! Você ia super aproveitar ficar só passeando aqui, ver os prédio antigos e modernos tão perto uns dos outros. É mágico!

Voltando à saudade, sabe uma coisa que eu sinto muita falta? Meus discos! Sei que você deve estar fazendo bom proveito deles. Não é que a música aqui seja ruim, mas dou meu reino por um sambinha, uma bossa nova... O lado bom é que consegui comprar uns LPs aqui que não chegam no Brasil. É incrível a quantidade de música sendo produzida!

Por enquanto é só, mas logo mais te escrevo de novo. Adoro-te!

Abracinhos, beijinhos na testa e um soquinho no braço,

De sua irmã teatral,

Andréa Tavares

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